Retrô

A dona menina é ainda uma moça, mas já é prendada, conhece os afazeres do lar e os faz bem. Seria bem capaz da donzela arranjar até um pretendente com tão boas referências... Isso se ela estivesse no passado.

Acontece que ela é uma garota que tuita e tem um smartphone.

Um belo dia, enquanto olhava um álbum de fotografias, lembrou-se daquelas que não tem mais contato, só notícias. A maioria do tipo "vai casar" ou "está grávida". Não, não estamos tratando de uma desquitada e nem mesmo de uma solteirona. 

Audrey Hepburn (Funny Face, 1957)

Falo de uma jovem com a alma musical da juventude dos anos 60, que ouve aqueles ingleses, os Beatles e os Rolling Stones, que canta Bob Dylan. A garota do Iê-iê-iê que passa as tardes no Clube da Esquina e conhece aquela Elis, amiga de Vinícius. Esse broto da Jovem Guarda é apaixonada pelos versos de um tal Francisco, belo moço de olhos claros, também chamado de Chico.

Morena tropical, ou melhor, tropicalista, acompanha os pensamentos de Gil, que trouxe Caetano que apresentou-lhe Rita. E assim foi, progredindo como o rock de Pink Floyd e seguindo nos Embalos dos Sábados, mas nada de noites para ela!

Passa um tempo até que possa reencontrar-se na década de 80. Ela e uns garotos que queriam mudar o mundo... eles formaram bandas de rock, ela os acompanhava. Mas eram tantos... os que estavam sempre por perto eram aqueles meninos lá da Capital, uma Legião Urbana de Titãs rumo ao Sucesso. Eram só garotos, estudantes, Engenheiros, se chamavam Barão Vermelho, talvez Ira ou Kid Abelha.

A menina queria tanto cantar como Marina, Zizi, Gal, Fafá, Bebel... talvez só não mais quanto queria poder, além de cantar, dançar como Michael e Madonna.

Depois? Se ouve dizer que as músicas tocam e ela até escuta. Mas ela já não tem a idade certa para ouvir o que ouvem por aí. Desistiu de acompanhar. Até ouve alguns. De agora, poucos têm a consideração desta jovem senhora. Quem sabe em mais 20 anos, algo possa mudar!