quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Noite, só.

Ter que fazer uma coisa já deixa subentendido que a pessoa não quer de fato fazê-la. Tive que sair de casa no horário que já não tem muitos ônibus, e ainda peguei um engarrafamento. 
A dor de cabeça que já tinha, combinada com a indisposição e o trânsito lento me fez dormir. Sonhei que já era tarde demais pra sair e eu podia voltar pra minha cama. Abro os olhos e vejo luzes vermelhas olhando pra mim. Penso que realmente já deve ser tarde demais e que, enquanto estive inconscientemente tentando fugir, o telefone poderia ter tocado e que eu devia ter atendido. Não haviam ligações perdidas, mas o relógio estava lá pra dizer que eu já devia ter chegado.
Pela janela, as luzes dos carros fazem a noite parecer mais escura. E a quantidade deles faz parecer solitária. Pra cada carro que passa, uma pessoa, tão só quanto as que andam com medo na escuridão.
Em um dos carros, mais pessoas, porém isoladas no seu mundo, cada um ouvindo uma música diferente que as faz parecer melhor. Ocupando o mesmo espaço, separados por fones de ouvido e cintos de segurança, tão distantes quanto as estrelas que não posso ver porque um poste ofusca a minha visão.