quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Desejos de um ano bom.

Há anos a virada de ano não é a mesma. Pensando bem, nunca é. Cada ano traz experiências e desejos diferentes. Cada ano ensina algo que o outro não foi capaz de mostrar, ou que ainda não estavas pronto pra aprender.
Desejo que tenhas muito trabalho, mas também tempo de apreciar a paisagem ao redor; desejo que tu aprendas uma receita diferente pra fazer, mas não deixe de curtir a comida de sempre com quem te faz bem.
Desejo que tu saibas tolerar aquele que te irrita e que consigas abrir caminho para o diálogo.
Que haja respeito entre os que diferem opiniões e menos radicalismo.
Escute mais. Ame mais. Aprecie. Tolere. Curta. Cresça. Viva.
Feliz ano novo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Anjos da Esperança

Outubro é sempre um mês de emoções afloradas em Belém. Além de uma manifestação religiosa, o Círio é uma festa para celebrar o amor de mãe e exaltar o que aprendemos com aquela mulher que ensinou o Filho de Deus a viver e morrer por amor ao próximo. Mais de dois milhões de pessoas unidas com o pensamento e orações elevados à Maria de Nazaré.
No meio de tanta gente, fica impossível dizer o que passa na cabeça e no coração de cada um. Mas é maravilhoso descobrir que entre todos os pedidos, agradecimentos, lágrimas e sorrisos, que as histórias podem se cruzar. Que a devoção pode reunir quem um dia se esbarrou por obra divina.
Foto: Arleisson Furo

Como diz a música, "amarras feitas pelas mãos da mãe de Deus", apenas temos que aceitar o que muitas vezes não entendemos. E se em cada Círio milhares de histórias atravessam a cidade, como pode elas se cruzarem duas vezes? Nossa Senhora manda seus anjos de luz para soprar em direção ao caminho do encontro, para continuar as missões que por aqui deixaram.
Não sei se é privilégio de muitos ter um anjo em sua vida, mas eu posso dizer com alegria que temos um na família. E nosso anjo se encontrou com outro que também é a alegria de uma família. E cada anjo deixou um gesto de amor às suas famílias. Um gesto a ser repetido, espalhado, distribuído em forma de terços. 
Sim, terços. Pequenas dezenas na verdade, que um dia minha mãe recebeu de uma senhora num momento difícil da vida, antes de uma virada, e que passou a repetir esse gesto, na certeza de que um dia alguém sentiria essa mesma emoção e sentimento, e sabe, aconteceu. Íamos todos juntos: mãe, pai, eu e as duas irmãs. E um desses muitos tercinhos espalhados chegou às mãos de outra pessoa que se alimentou de esperança e adotou a missão para si, e o melhor: compartilhou a missão com filhos e netos, que deram continuidade.

Anos depois, as protagonistas dessa história já não estão aqui fisicamente, mas olham pelos seus junto à Nazinha, e elas acharam que já era hora de nos encontrarmos. Por algum motivo, esse encontro aconteceu, repleto de abraços e lágrimas de felicidade. E o sentimento de gratidão era tão forte, como se de alguma forma fossemos responsáveis pela união das famílias uns dos outros. Não apenas o gesto inicial da doação do terço, que desencadeou uma produção e distribuição bem maior deles, mas também a lembrança desse gesto, para que a fé seja sempre presente e mostrar que nossos anjos também estão conosco o tempo todo.
Afinal, o que fica são nossas ações, o amor que espalhamos, a fé que temos e a caridade que ensinamos aos nossos. E sendo toda essa multidão, filhos de Deus, protegidos por Maria, devemos cuidar dos nossos irmãos, de sangue ou não, mas principalmente desses: nossa família - que mesmo que se separe e agregue outras, não deixa de ser a nossa - aquela que tem um anjo cuidando e protegendo enquanto houver amor. E amor é algo infinito e sem prazo de validade, deve ser cultivado por nós em todos os que fazem parte da nossa vida.
Gratidão e felicidade acho que são as duas palavras principais no momento. Não direi que é o final, também não é o começo, mas é uma página importante e iluminada dessa história que eram duas mas que vão escrever juntas alguns capítulos. E que esperamos estar multiplicando esse amor em outras famílias, convidando-as para a oração em tantos Círios que hão de vir. Apenas para lembrar que nossos gestos não passam despercebidos e que a fé é capaz de unir pessoas, como na corda que leva Nossa Senhora de Nazaré.

Um feliz e iluminado Círio a todas as famílias - católicas ou não - e que haja felicidade onde houver amor!

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Diário de recuperação

No último final de semana fez um mês de mais uma cirurgia e, bem, percebi que não tenho falado muito sobre isso. Não que eu tenha que falar sobre, Mas muita gente nem sabe que eu passei por uma cirurgia agora, outros não sabiam da primeira cirurgia (quem quiser saber um pouco mais, ler aqui).
Resumindo: em 2013 rompi o LCA (ligamento cruzado anterior) do joelho esquerdo, fiz cirurgia, fiz uma sutura no menisco junto, passei por todo o processo de fisioterapia e reforço muscular até voltar a dançar. Passando isso, parecia tudo bem olhando de fora, mas houve uma segunda vez.
Não cheguei a romper de novo, mas poderia acontecer isso - ou outras consequências graves - se eu continuasse dançando. Pois bem, parei de dançar de novo e fui atrás da cirurgia, já que todos os médicos disseram que era o único jeito. Acreditem, eu tentei encontrar outra solução.
Como sempre, as burocracias impediram que tudo corresse como planejado, mas depois de muito stress e demora, cá estou, operada.
{Sim, esse é o resumo explicativo}


A acessibilidade também é um assunto que quero comentar aqui, mas uma coisa de cada vez.


Agora, falemos sobre a recuperação em si. Existem algumas vantagens e desvantagens em relação à primeira vez. A tendência é que a recuperação seja um pouco mais simples e rápida pelos seguintes fatores: 

  1. Dessa vez não teve sutura, então tecnicamente meu joelho pode ser dobrado em menos tempo, pois não preciso esperar cicatrizar o menisco - que é um processo bem delicado;
  2. Já passei por isso, então parece menos doloroso. Parece.
Olhando assim, maravilha né? Quem dera. Sem querer fazer drama, mas vamos ver as desvantagens:
  1. Dessa vez passei muito mais tempo parada entre a lesão e a cirurgia, e não fiz uma preparação com fisioterapia antes. Sendo assim, estou com a musculatura bem fraca, sentindo dificuldade em alongamentos simples;
  2. A falta desses alongamentos me faz sentir dores, que atrapalham a evolução de alguns exercícios.
Ok, empatamos.
Nem dá mesmo para quantificar isso, são apenas exemplos. Até porque são tratamentos diferentes, a lesão não ocorreu do mesmo jeito, nem a cirurgia teve o mesmo procedimento, nem o resultado foi igual. Nada aconteceu exatamente do mesmo jeito, não tinha porquê a recuperação ser também.
Dessa vez estou indo todos os dias para a clínica, alternando os dias entre fisio e hidroterapia. Nisso, alguns velhos exercícios já conhecidos estão convivendo com algumas novidades. Entre maca, bola, fita elástica e a (sofrida) bicicleta, ainda tem que sobrar força pra andar na água, step, macarrão, barra. O bom da hidro é que às vezes nem dá pra sentir o esforço na piscina... Mas quando saio, pareço pesar dez vezes mais que antes.
Se me fizerem aquela velha pergunta sobre quando volto a dançar, isso o meu corpo vai dizer quando estiver pronto de verdade.
No mais, vou sobrevivendo, uma sessão de cada vez.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Sentido de saudade

Saudade não é só uma palavra sem tradução. É um sentimento sem hora e nem medida. Que surge sem razão, que nos faz chorar de tristeza e felicidade ao mesmo tempo. Que nos dá vontade de abraçar, mas também nos angustia só por ficar olhando uma foto.
Não dá pra dizer o quanto dói, os dias são diferentes. Tem hora que conseguimos contar histórias, lembrar com gargalhadas e parecer ser só um dia distante. N'outros, as lágrimas são impossíveis de conter. E por que parece que sentimos mais a perda de um que o outro? Assim como o amor, acho que a saudade deve ser como uma onda - ou uma rede - que nos conecta ao outro. Certamente, as linhas - tortuosas - são por vezes mais fortes, nos fazem sentir mais a falta. Nos fazem sentir mais a presença também.
A gente não pode controlar, apenas sentir, amar, ter quem não está fisicamente conosco, mas que não sai dos nossos corações, mesmo que guardado. 
O que nos resta é seguir vivendo e amando. 

terça-feira, 9 de junho de 2015

Teu estranho eu.

Sabe aquele momento em que a vida parece fugir do teu controle? Como se não adiantasse de nada a tua vontade de fazer algo, de seguir um caminho, ou alterar uma rota? A sensação de olhar a tua vida de fora, o sentimento de impotência diante do que tens que assumir. É como um filme onde encontras o teu eu no futuro e parece não conhecer a ti mesmo.
Tu sabes o que queres, sabes o que tem que mudar, como fazer, mas espera as circunstâncias te fazerem ter que fazer algo. Ter que. Por quê não podes só fazer quando souberes que queres, gostas, vai ser bom e agradável pra tua vida? Esperas "ter que" fazer, mudar, agir. A vida é tua e de mais ninguém. As escolhas são tuas, as pessoas que te importam de verdade são tuas, sim, são teus amigos, tua família, teu amor. Assim como és deles. Mas, fora as pessoas que são umas das outras mutuamente, as coisas não são.
As coisas são tão tuas quanto é teu um terno ou um vestido. Se o usas, é apenas por prazer, que pode ser passageiro. Não és obrigado a usá-lo pra sempre se não quiser. Usa o que te faz bem. Come, veste, bebe, brinca respira, trabalha, vive o que te faz bem também. Seja o que te faz feliz. Não olha a tua vida passar. Vive.

sábado, 30 de maio de 2015

Marés

Às vezes os pensamentos batem como ondas na arrebentação e nos derrubam ou enfraquecem. Como no mar, nunca estamos percorrendo o mesmo caminho ao nadar pela vida, mas não significa que não vamos sentir ou passar por tempestades que nos façam lembrar outras que já passaram.
Aos poucos é preciso saber o momento de se agarrar numa âncora até passar, ou de simplesmente nos deixar levar até um porto seguro. Desviar dos redemoinhos que tentam nos afundar, procurar um bote que nos resgate.
Depois de nadar por mares turbulentos, já é possível se antecipar e pedir ajuda ao bote de resgate antes que o redemoinho se forme. Sentir a maré agitar e continuar nadando em direção a terra firme. E esperar que tudo vai passar. Ver que apesar da imensidão do mar, pode haver coisa maior. Que se estender a mão, tem uma (ou mais) esperando pra te puxar pra fora da água e enxergar o sol no horizonte, porque ele está lá o tempo todo.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Refúgio

Sabe quando somos crianças e ficar debaixo do lençol parece o melhor esconderijo de todos?
Ou quando colocamos fones no ouvido e esquecemos do mundo ao redor?
É assim que me sinto no teu abraço. Protegida e a salvo de tudo. Livre das angústias e dores.
Quisera eu ser, para todos os que amo, inclusive a ti mesmo, o que é o teu abraço para mim.
Nele tenho certeza que posso mergulhar sem me afogar, posso ter esperança sem medo, posso confiar e simplesmente descansar.
Sei também que, por mais que eu queira, não preciso chorar. Porque as lágrimas ficam em teus dedos antes que escorram. E a aflição se torna promessa de viver.
Já aprendi que não há "obrigada" capaz de mensurar o agradecimento por te ter. Também aprendi que só amar e estar contigo basta. Basta para ser feliz, e acreditar que tudo vai passar.