domingo, 12 de janeiro de 2014

À cidade das mangueiras

Querida Belém,
Que o tempo conserve teu cheiro de peixe, tua confusão, teus caboclos fortes de açaí, tuas morenas do sol forte, tuas chuvas de água e de manga, teu perfume de patchuli, cupuaçu, taperebá.
Que tuas manias não se percam: teu café com pupunha à tardinha, teu tacacá quente no calor, as cadeiras nas tuas calçadas depois do baré com pão,que tuas curicas, cangulas, arraias, rabiolas e papagaios voem mais e chinem menos.
Que teu carimbó ecoe, que as cinturas rebolem, que as saias girem, que os pescadores dancem.
Desejo, Belém, que ainda se possa jogar bola e peteca na rua, que tomar banho de chuva seja sempre bom.
Que tuas lambadas, tragam novos amores e deixe levar valores, que brega seja um ritmo, e não tua postura.
Que teus filhos te conheçam, te cuidem e te amem.
Desejo, Belém, que sejam felizes os teus 398 anos, e que lembrem de ti todos os dias, e não só hoje.