terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pagadores de promessa

Ajudar os outros pode ser mais cansativo e desgastante do que imaginamos, mas também é gratificante demais. Este ano fui ajudar uma grande amiga a cumprir a promessa de ir na corda da trasladação de Nossa Senhora de Nazaré. Ela estava acompanhada de mais sete promesseiros e uma outra ajudante. Éramos duas abanando oito, até o ponto que me vi cuidando de outros romeiros próximos. Abanei, abracei, gritei por água com a voz que não  tinha e puxei a corda com a força que deve ter vindo da Virgem de Nazaré.
Eles caminhavam para levar a corda que puxava a berlinda e eu caminhava para levar os fiéis que puxavam a corda. Cada gota daqueles litros de suor valiam a pena, assim como a dor dos braços que abanavam os corpos cansados, mas cheios de fé. Por mais que angustiasse ver uma amiga sofrendo, todos nós ao seu lado lhe davam coragem.
A certa altura da procissão encontrei outro amigo na corda, ali, bem próximo de onde estava. Havia 5 ou 6 pessoas entre ele e o grupo que eu ajudava (esse número variava) e, desde então, ficou maior aquela corda pra mim. Cada expressão de alívio por um pouco de vento ou água me fazia me sentir melhor. Procurava criar forças e passar pra eles, que precisavam mais do que eu. Cantei, rezei, conversei... fiz de tudo para que se sentissem bem e aguentassem até o fim.
Quando saímos e levamos conosco um pedaço da corda que eles tanto lutaram para alcançar, a imagem da nossa padroeira passou, iluminada dentro da sua berlinda e, no momento que queríamos desabar, paramos agradecidos por Ela ter nos mantido de pé, firmes pela fé que temos e por tudo que a ela somos gratos.
Eu que não fiz uma promessa para estar lá, me senti leve, com a alma lavada, purificada pela santidade e pelo sacrifício. Tudo vale a pena e cada vez tenho mais o que agradecer. Obrigada! E Viva Nossa Senhora de Nazaré!

Fotos: Max Jr