sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ela acordou sem saber quem era, o que fazia ou o que queria. Olhou para o teto, vazio e mudo, e nada lhe veio à cabeça. Ficou deitada esperando que os travesseiros lhe dessem alguma resposta, mas eles também não dizam nada. O silêncio se fez inquietação e ela levantou à procura de companhia.
Na sala, as luzes apagadas eram sinal de vazio, enquanto na cozinha, a xícara a convidou para tomar café. A bebida quente e o aroma do pão fresco confortaram, por um instante, aquela que queria mais que um vapor para aquecê-la naquele começo de manhã fria e indiferente.
Ela esperava um abraço. Foi procurar no seu jardim, ainda escurecido pelas nuvens que não deixavam o sol nascer. Ainda não eram seis da manhã, e nem as flores haviam desabrochado e ela se manteve na sua solidão matinal. Além da solidão, a confusão sem abraço, sem resposta, sem ação, parecia que o mundo a ignorava e esquecera, tal como todos esqueceram de acordar naquele dia, ou como as nuvens ignoraram o sol e continuaram lá, mesmo depois de chover. Apenas para deixá-la só. E ela, já cansada e ainda imersa no vazio do seu pensamento, não tinha opção melhor que esperar alguma mudança ou sinal de vida.
Sentou, com sua segunda xícara de café, e observou suas flores enquanto o vento soprava seu rosto e afastava dali o véu que impedia a luz de chegar até ela. Foi o que bastou para se enxergar os botões florirem e ouvir o som, mesmo que distante, de um passarinho lhe dando a resposta que esperava: Tempo.

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